Coluna publicada originalmente no blog SCI, em 09/07/2012.
“Cada jogador sabe
o que deu de si, acho que a gente tem que sentar e conversar pra consertar isso
aí".
Declaração do
zagueiro Silvio, ao fim de Macaé 4x2 Tupi, segunda derrota consecutiva do Galo
na série C.
O “isso aí” definido pelo Silvão, quer
dizer, o time que foi campeão brasileiro da série D de 2011, campeão mineiro do
interior de 2012, na condição de semifinalista, fazendo três jogos duríssimos
contra o CAM, atual líder da série A, sendo eliminado da decisão do título no
detalhe, na falha única de marcação, protagonizar, após dois meses de recesso
pelas incertezas e desdobramentos jurídicos com relação ao inicio da série C,
uma estréia decepcionante, em casa, derrota de 2x0 para o Duque de Caxias e na
sequencia da tabela, a goleada acima mencionada. Mesmo após 80% do elenco
mantido, de amistosos contra os juniores do CAM, em BH e contra o Fluminense,
nas Laranjeiras, com vitórias de 1x0, convincentes e geradoras de confiança, o
time, a partir do primeiro jogo em casa, derreteu, virou pó, esteve
irreconhecível, apesar do empenho e da luta individual de alguns jogadores serem
nítidos. Nem sombra da marcação eficiente, do jogo aberto, dos passes bem
trocados, do contra ataque mortal que produziu vitórias dentro e fora de casa,
com autoridade e confiança. Por falar em confiança, perdeu-se esse ingrediente
fundamental nas grandes conquistas do passado recente. Em JF, o time carijó
virou presa fácil da marcação adversária, recuou excessivamente, encolheu-se e
com o meio e ataque mal posicionados, tomou dois gols pelo corredor direito. Em
Macaé, o time local fez quatro gols absurdos, dados a segurança e o
entrosamento da zaga, no jogo aéreo e na penalidade desnecessária. Duas
derrotas, zero ponto, saldo negativo de gols e zona de rebaixamento. Consequências
diretas do inicio de maus resultados do Tupi 100 anos. Vamos discutir as
causas? Mudança de foco. Subir para a série B deixou de ser prioridade para o
comando do futebol e para alguns remanescentes do primeiro semestre. A política
partidária e a arena das eleições municipais subtrairam do Tupi o comando do
futebol, em pessoa. Cloves Santos sucedeu Maranhas em meio à largada da
competição e com o bônus de um surpreendente atraso salarial de dois meses,
felizmente vazado e com resolução encaminhada. Por sua vez, alguns jogadores
ficaram acesos com o vai e vem do mercado da bola e perderam seu foco em
propostas de saída para grandes clubes que acabaram não se confirmando, gerando
decepção e sua permanência em Santa Terezinha. Não existem jogadores
infalíveis, times imbatíveis. Solucionados os problemas internos, recomposta a
linha de comando e de decisões, cabe aos nossos guerreiros fazerem o que pediu
o zagueirão inconformado do início da coluna. Façam uma boa resenha, rasguem o
verbo, xinguem-se uns aos outros até resgatarem aquele time vibrante, marcador,
que se impunha dentro de campo e deixava a galera feliz.
Eu acredito na reabilitação, na volta do
Tupi vencedor, confiante, rumo ao G4 e a apenas um desafio nas quartas para
chegar ao acesso.